Meu Brasil brasileiro

Ouvir Carnival (Dvorak) exatamente uma semana antes do carnaval no Brasil foi muito interessante.
Claro que não foi a música que me fez pensar e lembrar do feriado brasileiro, apenas o nome dela.
Não vou dizer que carnaval é a primeira coisa que as pessoas dizem depois que nos apresentamos como brasileiros porque estamos muito próximos da World Cup e das Olimpíadas (de verão). Posso dizer, então, que é a terceira coisa.
E eu sempre tenho que dizer (porque é a verdade) que não vejo os desfiles, que não costumo ir aos bailes, que não ouço "música de carnaval".
Eu praticamente não "sirvo" como brasileira porque não como (nem sei fazer) feijoada, não vou a (e desaconselho fortemente) churrascarias (que são a 4ª coisa que as pessoas dizem), não sei sambar nem realmente me empolgo com o carnaval.
Sou um desapontamento para o que os americanos (que conhecemos) imaginam ser uma "brasileira".
Eu mesma me via assim quando cheguei por aqui. Para a pergunta "what you miss?" a resposta "nothing" era certeira.
Mas, por mais irônico que possa ser, estar longe do Brasil por 1 ano me ensinou o que é ser brasileira para mim.
Primeiro sintoma: estar em um workshop de drum e dança cubana e querer desesperadamente ouvir um samba sair daqueles drums.
Segundo sintoma: andar pelo canal chutando a neve "fresca" como se fosse areia na praia, curtindo o sol nas bochechas com -5ºC.
Descobri que, mesmo tentando fugir das multidões em cada carnaval, o samba, esse ritmo, corre nas minhas veias, compõe meu próprio ritmo. Que, mesmo que meus pés não saibam o que fazer, meu corpo todo vibra ao som da bateria.
Descobri que sinto falta do mar, da areia, do calor úmido e salgado da beira da praia.
Sinto falta de tomar água de coco no coco, de sucos feitos na hora, de ter frutas no quintal.
Para mim, ser brasileira significa reconhecer o som, a língua, o gosto e  a paisagem que me formam.



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